quarta-feira, 13 de abril de 2011

Cinema e Novas Tecnologias

No dia 07 de abril tive a oportunidade de assistir a palestra do Professor Arlindo Machado sobre Cinema e Novas Tecnologias durante a Aula inaugural do Mestrado em Comunicação da UERJ. Arlindo é professor do Programa de Pós Graduação e Semiótica e do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da PUC-SP e autor de livros como “Mídia e Arte” e “A televisão levada a sério”, dentre vários outros.
Ele começou falando sobre a verdadeira luta que Copolla travou para filmar APOCALIPSE NOW, em 1979, no meio da selva das Filipinas, tendo que lidar com guerrilhas locais, doenças que acometiam a equipe e outros transtornos (sem contar o infarto do ator principal, Martin Sheen, bem no meio das filmagens, que obrigou o trabalho a ser temporariamente interrompido). Tudo isto numa época em que tudo a câmera ainda era mecânica e a película semelhante a do século anterior.
Falar das dificuldades que envolveram a realização do filme de Copolla foi o ponto de partida para que Arlindo pudesse abordar o quanto as coisas mudaram de 1979 pra cá com a evolução das novas tecnologias, mas, também o quanto o cinema ainda é conservador e resistente as mudanças em relação ao seu fazer. O professor contou que após o drama que foi filmar Apocalipse Now, Copolla partiu para o extremo oposto. Começou a imaginar um cinema eletrônico, com recursos de inserção de imagem e acabou inventando, de certa forma, a storyboard eletrônica com One From de Heart (Do fundo do Coração), um musical totalmente rodado em estúdio. Ou seja, todo o processo foi “rascunhado” em vídeo, eletronicamente e só depois foram acrescentados os atores e a história. Como é sabido, o filme foi um fracasso comercial e levou Copolla a falência (embora exista muita gente que goste do One from de Heart, são os mistérios do cinema...).
Desde então, surgiram outros filmes utilizando recursos tecnológicos. Arlindo citou Jurassic Park como um exemplo emblemático. Afinal, a única coisa fundamental do filme foram os atores, que filmaram sob um fundo azul. O restante foi produzido em computador. Falou ainda de Final Fantasy, filme japonês, que se originou a partir do videogame e que, embora filmado com computação gráfica, parece ter sido feito com câmeras e atores de verdade. Por sinal, segundo o professor, a indústria do videogame é a que mais se desenvolve dentro do meio audiovisual, vem crescendo mais até do que Hollywood. Hoje, o videogame parece cinema, com roteiros e até mesmo personagens com características psicológicas. O Professor acredita que isto se dá porque enquanto o cinema tenta se resguardar de todas as maneiras, a indústria do videogame aproveita até mesmo a pirataria a seu favor. Quando toma conhecimento de que estão usando seus jogos para elaborar outras coisas, por exemplo, encaram como publicidade e passam eles mesmos a incluir ferramentas para que os usuários possam criar seus próprios filmes a partir dos jogos. Graças a isso, vem surgindo gêneros como o Mashima, que nada mais é do que um subgênero do videogame. Você pega o contexto do jogo e cria um filme.
Arlindo abordou ainda o tema transmídias, tão em voga atualmente. Ele acredita que a tendência é que futuramente os meios se contaminem um com os outros. Deu como exemplo Lost, já que a história aconteceu não apenas na TV, mas também em outras mídias como a Internet. Guardadas as devidas proporções, as palavras do Professor me fizeram lembrar a palestra que assisti com Walcyr Carrasco na ABL, onde ele dizia acreditar que no futuro haverá algum tipo de interatividade nas novelas e que estas poderão ser acompanhadas nos celulares – ou feitas para eles – e por outros meios. Lembrei ainda que em Passione, Sílvio de Abreu colocou na boca de seus personagens textos que só podiam ser vistos no site da novela e que os blogs de Beatrice M e Adriano, de Ti-ti-ti, existiam mesmo fora da trama. Acho que não só o cinema, mas, também a TV está tentando se reinventar com as novas tecnologias.

Uma pergunta interessante lançada por Arlindo foi: “Para onde vai o cinema?”
Questionou até mesmo a forma de ver cinema tal como é hoje, com a plateia sentada e comportada numa sala escura. E mais: Como o cinema pode tornar-se interativo? Como o público pode participar da realização do filme? Afinal, segundo ele, hoje ainda se faz e se assiste cinema tal como na época dos Irmãos Lumiére.
A interatividade no cinema não é algo fácil de ser pensado, até porque a princípio, o cinema é uma experiência coletiva. Mas o professor mostrou alguns vídeos bem interessantes, de cineastas que estão tentando caminhar neste sentido. Em um deles, de um diretor italiano, são propostos vários temas polêmicos e o público é chamado a opinar sobre eles através de votação. Em certo momento o filme para e aparecem na tela perguntas como: Você é a favor do aborto? O público deve responder sim ou não e a partir das respostas o filme seguirá. Quando o filme acaba temos o que Arlindo chamou de “uma espécie de mapa da plateia”.
Segundo ele, da mesma forma como se customiza uma roupa para alguém, hoje, com o auxílio das novas tecnologias, podem ser feitos filmes “customizados” especificamente para uma pessoa. Assistimos então trecho de outro filme muito interessante. Não lembro o nome, mas, trata-se de uma história de suspense onde o final depende das respostas dadas pelo espectador a um questionário. Curiosamente, o filme parece ter sido feito para ser visto individualmente, porque as perguntas são bem intimas. O espectador não sabe como as perguntas dele contribuem para a história, mas há uma lógica embutida, que tem como consequência que diferentes respostas conduzam a diferentes finais. Vimos ainda trecho de um filme de faroeste todo filmado com personagens digitais e uma experiência em que imagens se sobrepõem aos diálogos e são reorganizadas cada vez que revemos o filme. Confesso que para alguém como eu, apaixonada por histórias, este foi o que menos me agradou, mas, reconheço que tem o seu valor.
Arlindo falou bastante sobre certo conservadorismo que ainda paira no cinema em relação ao uso das novas tecnologias. Lembrou de Uma aventura na África, que foi filmado no meio da selva africana, com os atores e a equipe enfrentando desde picada de mosquitos até leões de verdade. Na atualidade, o filme poderia ser feito com os recursos digitais disponíveis, mas, muitos profissionais ainda hoje acreditam que sua obra só tem valor se for fruto de uma vivência real. Arlindo mencionou que isto é algo próprio do cinema e fez uma comparação interessante com outras artes, tal como a pintura e a literatura. Afinal, Dante Alighieri não precisou ir ao inferno para escrever “A Divina Comédia, assim como Kafka nunca esteve em um tribunal e escreveu obras-primas usando apenas sua imaginação. Assim, como pintores fazem belas obras só com a imaginação.
Questionado se no Brasil, há experiências semelhantes as dos filmes que levou para que assistíssemos, citou a exposição sobre cinema e novas tecnologias, que aconteceu recentemente em São Paulo e que apresentou trabalhos interessantes de cineastas brasileiros. Uma pessoa da plateia citou ainda o filme interativo "A Gruta”, de Felipe Gontijo, que passou no último festival do Rio. A plateia recebeu um controle que permitia votar e alterar o rumo da história de acordo com a maioria. Ou seja, o mesmo filme pode tornar-se um novo filme para diferentes públicos.
Diante de tantas novidades, é mesmo de se perguntar: Para onde caminha o cinema? Vamos aguardar para ver.

domingo, 3 de abril de 2011

Rir é o melhor remédio

Semana passada assisti ao Melhores do Ano do Faustão e cheguei a uma conclusão: Concorde-se ou não com os critérios de premiação e com seus resultados, o que ficou claro é que o público quer e precisa rir. Vejamos os ganhadores escolhidos pelo voto popular, começando pelos atores: Cláudia Raia, Irene Ravache, Bruno Gagliasso, Murilo Benício, Clara Tiezzi, Mayana Neiva. O que eles têm em comum? Simples: Todos ganharam fazendo comédia, todos ajudaram a levar humor e descontração ao telespectador no ano de 2010. Passemos para o jornalismo: Sou capaz de apostar que Tiago Leifert levou a melhor não só pela novidade, mas, pelo humor que inseriu à Central da Copa.
Não sei se rir é o melhor remédio, mas, sei que como diz a música cantada por Marisa Monte rir também "aquece a alma e ajuda a viver", seja um simples sorriso ou uma boa gargalhada. Tomara que 2011 ainda nos reserve muitos momentos assim. Nós merecemos.

E por falar em rir...

O Canal Viva vai reprisar Vamp. Eu ainda era criança quando a novela de Calmon passou a primeira vez, mas, não esqueço as gostosas gargalhadas que dei com Natasha, Mary Matoso & Companhia. Gostava tanto que cheguei a colecionar figurinhas dos personagens. Pra mim, Vamp tem um gostinho de doce nostalgia. Que venham novamente os vampiros!