domingo, 18 de abril de 2010

Pequena reflexão sobre TV e programas de entrevistas

Na chamada do Fantástico de hoje à noite, estão anunciando entrevista com o "assassino de Luziânia", que matou seis jovens na cidadezinha goiana. Fico me perguntando o que um assassino pedófilo pode ter a dizer que seja de interesse da população. Mas, na verdade, o que me intriga é outra questão.
A alguns dias atrás choveram criticas ao programa do Ratinho, por conta de uma entrevista que realizou com um assassino – não convém dizer o nome. Fiquei bastante espantada quando vi a chamada e não tive coragem de assistir, pois tal criatura me causa repúdio e não ia ser eu a lhe dar ibope.
Confesso que achei de extremo mau gosto, pois, imagino o quanto deva ser cruel para a mãe da vítima e as pessoas que a amavam ter que se defrontar com a triste realidade: o monstro que tirou deles uma pessoa querida, livre, leve e solto dando entrevistas na televisão, tal e qual um astro, quando deveria estar atrás das grades pagando pelo seu crime.
Logo depois do programa, surgiram várias discussões sobre o limite da imprensa, da mídia, até onde se pode ir. Não sei se o objetivo de Ratinho & Companhia era levantar polêmica, mas se era, conseguiram. Porém, o que fica martelando na minha cabeça é o seguinte: Qual a diferença entre o dito-cujo entrevistado por Ratinho e o que será entrevistado pelo Fantástico? E entre estes e os Nardoni? (ao que me lembro o casal infanticida também foi entrevistado na televisão). Será que é pelo fato de um estar preso e o outro livre? Ou pelo fato da entrevista de hoje ser numa emissora considerada mais séria?
Não consigo entender qual a diferença. Não sou critica de TV e muito menos censora. Gosto do Fantástico; há sempre várias matérias interessantes e algumas histórias são um prato cheio para inspirar um roteirista. Também não me sinto muito a vontade para fazer criticas, já que não vi as entrevistas. Pode ser que o que mude seja a abordagem, não sei. Mas penso que devem machucar aos familiares do mesmo jeito.

sábado, 10 de abril de 2010

Cama de Gato vai deixar saudades

Desde criança sempre amei novelas, vibrava e torcia com as reviravoltas, as dores e os amores dos personagens. Aquelas criaturas entravam na minha casa sem cerimônia e eu acabava gostando delas, como de amigos queridos que viessem sempre me visitar de segunda a sexta-feira no mesmo horário.
Naquela época havia o famigerado “Recomendado para maiores de... " e minha mãe seguia direitinho esta recomendação. Desta forma, eu acabava vendo apenas os programas considerados apropriados para minha faixa etária(sei que hoje ainda existe classificação indicativa, mas conto nos dedos os pais que a levam a sério).
Para muita gente isto pode parecer apologia a censura, mas não penso assim. Acredito que cada época da vida tem sua beleza e tudo tem o seu tempo. Sou grata a minha mãe, pois vivi minha infância e adolescência em sua plenitude, sem pular etapas. Minhas novas emoções e descobertas aconteceram no devido tempo, quando corpo, mente e coração já podiam compreender – ou pelo menos apreender – o mundo que me rodeava, fosse o mundo real, fosse o da ficção. Além disso, tenho doces lembranças daquele tempo, quando movida pela curiosidade, tentava espionar atrás da porta quem era a tal da Dona Beija e porque ela era proibida para mim.
Portanto, ao contrário do que acontece com as crianças de hoje, os programas que marcaram a minha infância e o inicio da adolescência foram aqueles considerados “censura livre”. Quando se fala em novelas, isto significa dizer que foram os folhetins das dezoito horas (e também o das dezenove, vá lá) que me fizeram descobrir desde cedo que eu adorava uma boa história, contada em capítulos: Livre para voar, Sinhá Moça, O sexo dos anjos, A Gata Comeu, Vereda Tropical, Cambalacho, todas inesquecíveis para mim.
O tempo passou, cresci, estudei, me formei e aí veio a vida adulta: trabalhar, ganhar dinheiro, dirigir, enfrentar o trânsito do Rio de Janeiro, casar, cuidar do lar, fazer o jantar... afazeres normais, de gente grande. Continuei adorando novelas, mas, já não havia tempo para elas com tanta coisa mais importante para se fazer. No mundo real onde o tempo urge como perder preciosos minutos sentada na frente de uma TV para mergulhar em um mundo de fantasia?
Uma novela tem que prender a nossa atenção por capítulos e mais capítulos, temos que ter interesse pelo seu desenrolar, pelo que vai acontecer a seguir, pois só assim vale a pena parar para assisti-la. Por pura falta de tempo, passei a acompanhar apenas alguns capítulos da novela das 20 horas, quando podia, mas, somente com Caminho das Índias voltei a acompanhar fielmente uma novela e torcer de verdade pelo destino de seus personagens. Vez ou outra dava uma espiada na novela das dezenove horas, mas a das dezoito era impossível. Até que resolvi dar uma espiada em Cama de Gato um dia e algo chamou minha atenção, resolvi ver outro dia e outro e pronto... Quando vi estava fisgada, completamente apaixonada pela novela de Duca Rachid e Thelma Guedes!
Cama de Gato me encantou do começo a fim. É claro que, como em toda novela, alguns finais pareceram forçados (Alcino só descobriu que amava Mary no último capítulo? E o amor dele por Rose? Desapareceu?). Ainda assim, no âmbito geral, foi um belo final, coerente com o desenrolar de uma trama que teve ação, suspense, romance e personagens apaixonantes, todos os ingredientes necessários para prender a atenção do telespectador.




Quando destacamos o trabalho de alguém dentro de uma equipe – como é o caso de uma novela – sempre corremos o risco de sermos injustos, mas ainda assim quero dar meus parabéns a algumas pessoas em especial. Primeiramente às autoras e aos colaboradores, pois sei que não é fácil segurar a onda de prender a atenção do público por meses e meses, ainda mais num horário tão ingrato.
Dito isto, passemos ao elenco. Li em algum lugar de que nada adianta o autor escrever o melhor texto do mundo, se o ator não souber falá-lo e concordo plenamente. Cama de Gato tinha personagens que poderiam cair no maniqueísmo e ser uma armadilha para qualquer ator, mas graças ao talento dos seus interpretes escaparam deste destino.
Paola Oliveira defendeu com garra uma vilã que não faria feio em nenhuma novela das 21 horas. Verônica foi a grande responsável pela maioria das “camas de gato” que deram título a história e conseguiu a proeza de dar veracidade ao arrependimento de sua personagem no último capítulo, mesmo que esta tenha se comportado como uma psicopata durante toda a trama.
Porém, acredito que no século XXI ainda mais difícil do que interpretar o vilão é interpretar o mocinho, pois muitas vezes o bonzinho é confundido com o chato. Mas Rosenilde, a protagonista de Cama de Gato passou longe deste estigma. Pelo contrário, era muito fácil se identificar com ela, uma mulher do povo, alegre e guerreira. Rose não contou uma única mentira a novela inteira e manteve o seu perfil de mulher integra e honesta até o fim. Camila Pitanga abraçou com louvor a tarefa de dar vida a esta mulher e conseguiu passar a verdade da personagem também para os telespectadores. Camila – linda e carismática, como sempre - nos fez acreditar e torcer pela valente Rose, que em nada lembrava a também inesquecível Bebel, de Paraíso Tropical ( e ainda nos convenceu de que era mesmo mãe de quatro filhos, dois deles bem crescidos).
Para completar, merece destaque o trabalho de Carmo Dalla Vecchia. Se não é fácil segurar uma mocinha, que dirá um mocinho como Alcino, condenado desde o primeiro capítulo a morte por conta de uma doença terminal? Qualquer descuido e ele poderia se tornar chato e piegas. Mas Carmo conseguiu criar um personagem adorável e foi responsável por alguns dos momentos mais emocionantes da trama. Está de parabéns.
Com um texto bem escrito – daqueles que primam pela emoção, sem cair no dramalhão – Cama de Gato ainda teve o mérito de dar oportunidade para que tanto veteranos quanto estreantes brilhassem em igual proporção.
Como não se apaixonar pelos velhinhos da Casa de Repouso ou pelos adolescentes do Colégio São Jorge? Que presente ver Suely Franco e Pedro Paulo Rangel, Berta Loran e Luiz Gustavo e os demais em ação! (isto sem contar a presença de outros veteranos que andavam fazendo falta nas telas, como Tony Tornado e Ilva Niño, Norma Blum, etc). Que presente conhecer Raquel Fuína, Heslander Vieira, Ronny Kriwat, Guta Gonçalves, Bianca Salgueiro, Marcela Ricca e outros jovens atores que defenderam com garra seus papéis e que espero ainda ver brilhar em trabalhos futuros.
Enfim, Cama de Gato já entrou para minha galeria de novelas inesquecíveis. Vai deixar saudade.


Ps: Marcos Palmeira que me perdoe, mas, pelo menos a mim, mesmo sendo um personagem aparentemente mais complexo, Gustavo Brandão não conseguiu tocar tanto quanto Rose, Alcino e Verônica. Até torci para que Gustavo e Rose terminassem juntos, mas, muito mais por Rose e pela coerência da história do que propriamente por causa dele.

domingo, 4 de abril de 2010

Tempo de Renovação

Hoje é Domingo de Páscoa e resolvi ir à Igreja. Não vou sempre, mas, gosto de sentir a energia das pessoas unidas no mesmo objetivo: louvarem à Deus e sentirem-se um pouco mais próximas do Céu,de Jesus Cristo, de Nossa Senhora.
Independentemente de religião, acredito que ter uma fé completa o ser humano, nos torna mais fortes e mais felizes.
Sei que tem gente que não tem paciência com o que chama de "sermão", mas, quanto à mim, o momento que mais gosto nestas celebrações é aquele que o padre, pastor, rabino, enfim, o celebrante, desprende-se do que está escrito no papel e nos brinda com suas próprias palavras. E hoje, o Padre disse uma coisa maravilhosa: Que a Ressureição de Jesus serve como exemplo de Renovação para todos nós.
Fiquei pensando nestas palavras. Às vezes nos preendemos tanto a tudo que é preestabelecido, que falta coragem para renovar nossos estoques: de amor, de conquistas, de oportunidades. Não falo em ser volúvel, não é isto. Falo da Renovação diária do amor, da fé, da própria coragem, dos sentimentos que nos movem neste mundo.
É por isto que quero desejar à todos uma Ótima Páscoa, com votos que estes momentos de Renovação perdurem por toda vida, afinal, esta é a graça de viver.